quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PAIS MAIS VELHOS


Ontem à noite eu assisti a uma matéria no Jornal Nacional sobre o resultado de uma pesquisa islandesa publicada na capa da Nature, importante publicação no meio científico, que concluiu que conforme a idade dos homens avança as chances de seus filhos sofrerem de desordens mentais e psiquiátricas aumentam significativamente, devido a mutações genéticas.

Para falar em números, homens de 20 anos transmitem, em média, 25 mutações para os filhos e a partir daí, a cada ano esse número cresce de dois em dois, o que significa dizer que um homem de 40 anos transmite, em média, 65 mutações genéticas  para seus herdeiros. Achei legal terem mencionado que, até então, a idade da mãe sempre foi o foco principal de cientistas e médicos. Preferiria que tivesse virado uma matéria maior no Fantástico, que anda tão fraquinho e teria mais audiência.



Seja lá como for, isso me fez pensar que, mesmo que todas as pessoas do mundo fossem informadas sobre o resultado da tal pesquisa, quão impactante isso seria no nosso comportamento? Me explico: a matéria terminou com o responsável pelo estudo falando sobre como as novas descobertas não deveriam alarmar os pais que tiveram ou pretendem ter filhos após os 40 anos, mas que a população deveria ser informada e os homens encorajados a ter seus filhos quando mais jovens, no mesmo molde de campanhas que são feitas voltadas ao público feminino.

Quão eficiente seria de fato uma campanha desse tipo, quão dispostos estariam os homens a mudar seu cronograma? As mulheres realmente têm pressa em engravidar pensando na saúde da prole?
Tenho minhas dúvidas (o que quer dizer que eu não sei a resposta e não que eu duvide). Essa semana li um post no Petiscos sobre a entrevista do ator que interpretou o menino rejeitado pela Summer no filme '500 dias com ela'. Vibrei com a conclusão do Joseph, que parte do público parecia não ter entendido, de que seu personagem era um garoto egoísta que pousava todas as expectativas e razão de viver na namorada que, claro, não conseguiu preencher o vazio daquela alma tão carente.



Se eu bem me lembro, muitas das meninas que assistiram ao mesmo filme que eu achavam a personagem da Zooey Deschanel estranha e até filha da puta por não se dobrar diante de tanto romantismo e fofice. Aparentemente, não estamos acostumados a assistir a homens tendo seus sentimentos frustrados dessa maneira. Na semana passada, postei o vídeo produzido por um blog de mães falando sobre o perigo da cultura das princesas. Um dos tópicos alertava para o fato de nos contos de fadas a princesa não ter ocupação, talento ou motivação na vida até a chegada  do sempre tão esperado príncipe encantado.

Duas semanas antes, um evento de dois dias da Editora Trip, o Casa TPM, discutiu com diversos profissionais e entusiastas do assunto o papel da mulher contemporânea. Os debates eram geralmente voltados à questão da maternidade e à aparência de uma maneira geral. Ouvindo a antropóloga e professora Mirian Goldenberg contar sobre sua experiência de conversar com grupos de mulheres, é difícil não reconhecer as personagens femininas típicas. Segundo Mirian, o marido é o capital de mais valor para a mulher na sociedade brasileira, acima inclusive do corpo perfeito e magro; e das mulheres é cobrada a maternidade como se essa fosse a grande missão da vida de qualquer fêmea.



Tudo isso para dizer que eu tenho a impresão de que a pressa da mulher em engravidar tem mais a ver com a pressa de ser finalmente resgatada pelo príncipe (assista ao primeiro episódio da terceira temporada de Sex and the City e veja que isso é verdade também nos EUA e há mais de 10 anos) e menos com a preocupação de gerar filhos autistas ou esquizofrênicos. E que é um alívio pensar que tenham cientistas investigando a influência da genética do homem na procriação, no sentido de que isso indica uma mudança cultural, mas que legal mesmo seria ver mais mudanças de comportamento na vida real. 

2 comentários:

  1. Olá! Tive que comentar prá te elogiar. Blog bem escrito, honesto, com conteúdo (raro nesse meio da moda com it girls à rolê, onde uma imagem vale mais do que tudo) e sem estrelismos. Já entrou para o meu reader. Li uns 5 ou mais textos e quando tiver mais tempo me deleitarei com o restante dos posts!

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    1. Oi, Claudia! Obrigada por passar por aqui, ler, comentar...
      Vai me falando o que você achou. Também vou dar uma lida no seu blog :)
      Um beijo.

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