domingo, 29 de abril de 2012

UMA VOCAÇÃO - DANUZA LEÃO

Danuza Leão - Uma vocação


Como dizem os gaúchos, é preciso estar atento para montar o cavalo quando ele passar arreado



É MUITO difícil encontrar o caminho. Como um garoto pode saber o que pretende ser quando crescer? Do ponto de vista profissional é impossível, a não ser para os raros privilegiados que desde criancinhas botam tala nas perninhas quebradas dos passarinhos, e por isso sempre acharam que queriam ser médicos. Mas, sinceramente: alguém em sã consciência pode, aos 15, ter a certeza de que pretende passar a vida no pregão da Bolsa de Valores?

As coisas vão acontecendo, as ocasiões se apresentando e, como dizem os gaúchos, é preciso estar atento para montar o cavalo quando ele passar arreado. Ele sempre passa, e é só você olhar para trás e lembrar de tudo que já aconteceu em sua vida para reconhecer que talvez o cavalo tenha passado várias vezes -só que você não viu.

Na vida pessoal/afetiva é a mesma coisa. Quantas vezes não aconteceu de aparecer alguém com quem você poderia ter vivido uma bela história, mas que não foi nem considerado na época porque seu coração batia mais forte quando outro chegava -sobretudo quando não chegava; e nem é preciso dizer que foi ele que te largou.

Ah, se na hora a gente soubesse que é preciso não perder nenhuma oportunidade, seja em que campo for, para não chorar no futuro pelas chances que não chegou a ter pela pior das cegueiras: a cegueira mental. 
Então você tem 20 anos e acha que quer trabalhar com moda porque desde os 17 só pensa nisso. Isso significa que mesmo que esteja estudando e fazendo todos os estágios nas mais gloriosas das faculdades do mundo, está há três anos com uma idéia fixa, e é aí que mora o perigo -ou pode morar. 
É maravilhoso saber o que se quer e trabalhar com perseverança para chegar lá, mas a fila está andando; espere que sua grande chance chegue -talvez-, mas, enquanto não acontece, faça coisas, qualquer coisa, mas faça.

Seu sonho é fazer um documentário, mas ainda não conseguiu captar os recursos necessários -é, a vida às vezes é dura, e somos todos injustiçados e incompreendidos. Se alguém te oferece um trabalho por 15 dias, coisa modesta, tipo encapar livros ou ajudar a fazer pulseiras de artesanato, você aceita ou se sente ofendida? Pois aceite: talvez possa descobrir uma vocação que nunca havia percebido para criar bijuterias, talvez acabe criando joias de verdade e se torne uma nova Paloma Picasso -que para falar a verdade era uma péssima designer, e de maravilhoso mesmo só tinha o nome. No meio do caminho tudo pode acontecer, até mesmo descobrir que sua verdadeira vocação é mexer com metais -e daí para virar escultora é só um passo.

E existem os mares, as florestas, os desertos, os aviões, o carnaval, a televisão, os sabores, a política, o aprendizado, as crianças, o frio, os espelhos, o prazer de andar descalça na grama, a internet, os peixes, o amor, os livros, o vento, a chuva, o futuro, o passado, a memória, a esperança, o sono, a água, o fogo, as letras, os números, o deserto, as religiões, a história, e o melhor de tudo: a imaginação. Não posso conceber que alguém ache a vida um tédio; e de pelo menos uma dessas coisas você pode gostar apaixonadamente.

Vá ao mercado perto de sua casa, olhe um abacaxi e pense no milagre que é a natureza, milagre que se repete em cada fruta, cada árvore, e que uma vida inteira seria pouco para refletir sobre o que é o paladar, o aroma, a textura de cada uma dessas coisas que se olha todos os dias, mas não se vê. 
De descoberta em descoberta, o perigo é um dia você descobrir o que mais queria: sua verdadeira vocação.

Se isso acontecer vai ser bom, mas cuidado: você vai abrir mão de todas as outras possibilidades -o que é sempre uma pena.

danuza.leao@uol.com.br

sexta-feira, 27 de abril de 2012

JORGE AMADO NO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA

Jorge Amado é um daqueles preconceitos que eu adquiri graças ao sistema de ensino do qual eu discordo e à lista de livros para o vestibular, o qual eu nunca nem cogitei prestar. Comecei a ler um dos títulos, que de tanta birra  não lembro qual era, e parei logo no começo, com raiva - mais pela obrigação que me impuseram na época do que pelo estilo, que foi o que eu usei como justificativa para desgostar.



Fui ver a exposição que montaram sobre ele no Museu da Língua Portuguesa e me prometi que vou dar mais uma chance. O que me fez decidir isso foi a foto do Jorge Amado com Gabriel Garcia Marquez. O segundo que eu amo porque foi uma escolha minha, sempre a condição que me permite abrir o coração de verdade. Também foi lembrar que ele formava um casal dos mais bonitos de todos os tempos com a Zélia Gattai.


Se você já gosta do escritor baiano ou se você tem preconceito, como eu tinha, a exposição vale a visita, até porque o museu em si é obrigatório, só custa R$ 6,00 e tem feriado chuvoso vindo aí.

Museu da Língua Portuguesa
"Jorge Amado e Universal" de 17/04/2012 a 22/07/2012
Praça da Luz, s/nº. Centro - São Paulo - SP 
(11) 3326-0775








quinta-feira, 26 de abril de 2012

'FASHION LIKE' DA C&A



A ação da C&A lançada pela DM9 para o Dia das Mães é das coisas mais simpáticas que se fez em fast fashion e até em moda, de uma maneira geral, aqui no Brasil. É uma ideia boa porque repete a estratégia de reviews da maneira inversa, mas com o mesmo resultado, que é unir opiniões em torno de um produto, trocando impressões entre a experiência de compra virtual e presencial. Se geralmente o que se oferece são as impressões de quem já realizou uma compra daquele produto em e-commerce para auxiliar o consumidor virtual, os papéis aqui se invertem e o usuário da rede social opina para auxiliar o consumidor no ponto de venda.

Estive lá na C&A do Shopping Iguatemi hoje e vou dizer o que eu achei, na prática. Para resumir e pular para a questão que eu penso que é o que vale ser discutido, tenho que dizer que achei tudo bem razoável, em termos de custo x benefício. Peças básicas em cores neutras, na sua maioria, com acabamentos e design que, se não podem ser considerados ótimos, pelo menos não não são um assalto. Eu diria que estava tudo justo.


Agora, a discussão que vale a pena. Das 10 peças selecionadas e expostas nos cabides com seu respectivo número de 'likes', 2 estavam esgotadas. Uma, muy justamente: a camisa branca era uma boa peça - corte bom, tecido bom, básica; a outra, nem tanto - uma camisa de tecido sintético listrada em azul marinho e branco. Fiquei me perguntando se o fato de ter recebido o aval das "amigas" virtuais teria influenciado na decisão de quem comprou, e quanto. Porque o tecido era péssimo e a estampa, mal feita. E eu fico com pena se tiver influenciado, porque a peça era a única que tinha uma foto no aplicativo que a fazia parecer melhor que na vida real, sabe?

De qualquer maneira, considero a ação positiva! Um em dez é um erro aceitável, e ainda assim, na minha humilde opinião, que nem deve ser unanimidade.

WEAR SUNSCREEN - NOVAS REGRAS DO FDA



Não se preocupe, não tem vídeo com resolução horrível nem voz do Pedro Bial no post. Vou falar das novas regras do FDA (Foods and Drugs Administration- o órgão americano que regula comida, remédios e cosméticos) sobre filtro solares, que devem entrar em vigor tão logo comece o verão lá no hemisfério norte. Não é só porque aqui nós teremos inverno que não nos interessa.

Para contextualizar, é bom saber que muito antigamente, tipo na época que eu tinha 5 anos de idade,  ia à praia e ficava torrando sem nenhum protetor solar (e era OK, acredite), os produtos basicamente tinham proteção contra UVB. Acreditava-se que o UVA era pouco nocivo e, como era responsável pela cor, todo mundo queria mesmo era se expor. Assim, os testes dos produtos se preocupavam sobre a eficácia da proteção contra os raios UVB e o FPS contido nas embalagens dizia respeito a esse tipo de bloqueio.

Outra informação básica, e que nem todo mundo sabe, diz respeito às quantidades de produto a serem aplicadas. Recomenda-se uma colher de chá para aplicação no rosto (fora o pescoço) e um copo desses de shot (não vem me dizer que você não conhece...) para o corpo. Teoricamente, um tubo de 200 ml de filtro solar não deveria durar mais do que 10 aplicações.

Com o avanço da tecnologia e do medo do envelhecimento, sentiu-se a necessidade de uma nova classificação dos produtos que se denominam protetor solar, e o FDA lançou regras para arrumar a bagunça toda. Os pontos cruciais são:

- Os produtos que forem testados tanto para UVA quanto para UVB terão denominação 'broad spectrum' (amplo espectro, em tradução livre), o que garantirá máxima proteção

- Se um produto 'broad spectrum' com fator de proteção solar 15, no mínimo, for utilizado junto a métodos de proteção física, como roupas e sombra, ele não só protege contra queimaduras de sol, mas também contra câncer de pele e envelhecimento precoce, e assim, o fabricante pode atestar tal efeito em sua embalagem

- Não haverá mais denominações como 'bloqueador solar', 'à prova de suor' ou 'à prova d´água'. Serão permitidos 'Resistente à água' (40 minutos) e 'Extra resistente à água' (80 minutos)

- Lembrete de reaplicação há, pelo menos, cada duas horas, especialmente ao nadar ou suar

Além dessas regras, virão instruções mais claras sobre a efetividade de cada forma de protetor solar, como óleo, gel e spray.  Esse último, por exemplo, inspira certo cuidado devido à quantidade que costuma utilizada ser muito menor que a indicada. Por enquanto, no entanto, as instruções quanto ao uso devem ser reforçadas, somente.

Outra preocupação dos profissionais da indústria cosmética e dermatologistas é que se faça mais clara a diferença entre produtos de farmácia e produtos de cuidado com a pele com filtro solar. A diferença básica é que no produto de tratamento específico de pele, a formulação não se resume ao protetor solar em si, mas em produtos que atendam necessidades específicas, como texturas diferentes para diferentes tipos de pele ou agentes anti-oxidantes para o retardo do envelhecimento. De uma maneira geral, são indicados para uma melhor saúde da pele.

Fonte: http://www.dermalinstitute.com


quarta-feira, 25 de abril de 2012

MINHA BRINCADEIRA PREFERIDA


Quando eu comecei a perceber que não dava pra seguir fazendo profissionalmente uma coisa que não me deixava satisfeita (em praticamente nenhum sentido), a reação imediata foi descobrir, afinal, o que me deixaria satisfeita em TODOS os sentidos. Uma das melhores perguntas que eu fiz não foi nem para mim mesma, mas para minha mãe. Eu queria saber o que eu gostava muito de fazer quando criança, porque eu achava que era o melhor jeito de ter certeza sobre o que eu de fato gostaria de fazer, caso nunca tivesse que envolver dinheiro na equação. Aquilo que a gente faz brincando, e quando vê o dia já passou, é hora de tomar banho, botar o pijama, dormir.

A resposta da minha mãe não foi surpreendente. Apesar da minha memória terrível, inclusive sobre a minha própria infância, eu me lembrava claramente de passar horas e horas trocando de roupa. Não era nem como uma brincadeira, era mais como uma rotina mesmo. Eu vestia uns 3 ou 4 looks diferentes por dia, mesmo que não tivesse nenhuma programação especial. Engraçado foi começar a ouvir histórias de pessoas que me conheceram ainda bem pequena. Não que elas nunca tivessem falado, acho que eu que nunca tinha prestado atenção. Todas iguais, de como eu saía e entrava da sala vestindo roupas diferentes, minhas e da minha mãe, ou de quando eu me recusava a sair de casa com a roupa que tinham escolhido para mim.

Até hoje, vestir as minhas roupas é um dos meus passatempos preferidos. Sempre que sobra um tempinho, tem uma quantidade de roupas novas, eu começo e é muito difícil parar. Por isso quase nunca chego ao final da arrumação do guarda-roupa. Entre tantos exercícios de styling, quando eu me dou por satisfeita, já não tenho mais nenhum pique para colocar as coisas em ordem, como tinha planejado no começo. Volta tudo pra dentro do armário, tão desorganizado quanto já estava antes. Mas sobram as ideias novas, então não é de todo um desperdício de tempo.


terça-feira, 24 de abril de 2012

A ROUPA DE ACORDO COM O HUMOR



Estudo realizado no Reino Unido mostra que a roupa que vestimos vai além do gosto pessoal de cada um: é a expressão do nosso estado de espírito.
 
Pesquisadores da Universidade de Hertfordshire perguntaram a um grupo de cem mulheres o tipo de roupa ou acessório que preferem usar quando estão felizes e quando estão de mau humor ou tristes e mostram que há um padrão, sugerindo que nosso estado emocional influencia nossas escolhas. A calça jeans, por exemplo, é a preferida nos dias em que as coisas não estão muito bem – apenas um terço afirmou usar quando estão felizes.
“Este achado mostra que as roupas não influenciam apenas os outros, ela é um reflexo e influencia o humor também. Muitas mulheres neste estudo sentiam como se elas pudessem alterar o humor mudando de roupa. Isto demonstra que o poder psicológico da roupa e como as escolhas certas podem influenciar o humor de alguém”, diz a psicóloga Karen Pine, co-autora do estudo.
Por exemplo, em uma dia ruim era mais provável uma mulher usar uma calça jeans e uma blusa larguinha (57%) do que colocar o seu vestido preferido (6%).
Os acessórios também fazem diferença. Segundo os resultados, usar uma chapéu, por exemplo, é duas vezes mais provável acontecer em um dia bom do que num dia ruim. O sapato favorito também é um ítem que as mulheres usam mais quando estão felizes (31%) do que quando estão tristes (6%).
As roupas preferidas, aponta a pesquisa, são aquelas mais bem cortadas, com melhor caimento e feitas com tecidos de melhor qualidade – alguns pontos geralmente não encontrados na calça jeans. “Não é qualquer modelo de calça jeans que fica bem em qualquer mulher. Geralmente as calças são mal cortadas e tem um caimento ruim. Ao ver uma mulher de jeans a gente pode concluir que ela não estava muito preocupada com a aparência. Pessoas quando tristes geralmente perdem o interesse na sua aparência e não querem chamar atenção, então a correlação entre estar deprimida e usar jeans é entendível. Mais importante, está pesquisa sugere que nós podemos nos vestir para “atrair” alegria, mas isso significa deixar o jeans de lado”, diz Karen.
Neste caso, a conclusão e indicação, diz Pine, seria usarmos as peças que nos deixam mais felizes especialmente nos dias em que estamos tristes.
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RELEMBRANDO: SEU PRÓXIMO CASACO NÃO DEVERIA SER PRETO


No Brasil não faz tanto frio quanto nos países do hemisfério norte e isso faz nós, brasileiras, termos pouca habilidade em planejar guarda-roupa de inverno. Quando chega a hora de comprar casaco novo, insistimos no pretinho básico, porque né?, combina com tudo o que temos dos invernos passados.

Ás vezes nem é culpa da preguiça que muita gente tem de pensar nos looks que poderão montar/usar. As próprias marcas e confecções parecem preferir apostar em cores neutras e escuras para peças de inverno. Não cabe aqui procurar quem veio primeiro - o ovo ou a galinha? - a demanda sempre vai interferir na oferta e vice-versa, mas eu proponho começar a pensar nessa estação como uma época de também ser criativa.

Em São Paulo o dia começou com temperatura de 13°, em plena primavera, e isso prova que É Outono, os termômetros começam a registrar menos de 18°, e então nós temos bastante tempo, sim, para exercitarmos que botar em prática a arte de nos vestir para o friozinho. Não tem por que passar quase metade do ano de preto e cinza.

Seja misturando cor com cor, cor com neutros ou estampas entre si, a ideia é mostrar a criatividade, que a gente sabe expressar tão bem no verão, também em dias frios e chuvosos. Comece procurando por um casaco colorido para ter no armário, à mão, da próxima vez que o ventinho soprar mais gelado.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

JÁ OUVIU FALAR DA "COLETTE" DE NY?




Conheça a jovem de 26 anos por trás da nova boutique (e rival da Colette) Fivestory


Quando a novaiorquina Claire Distenfeld chegou aos 25, como muitos na casa dos 20 e poucos, ela teve uma espécie de crise de um quarto de vida. “Eu tive alguns meses de  momentos ‘O que vou fazer com a minha vida?’ “ ela me disse. Diferente da maioria dos 20 e poucos, a resposta para Distenfeld foi uma saída incrivelmente ambiciosa: abrir um espaço de varejo de luxo em Nova York para competir com a Colette de Paris ou a Corso Como de Milão.


Na noite de quarta-feira, a elite fashion se reuniu para celebrar a abertura da boutique de Distenfeld, FiveStory, que não tem os 5 andares, mas 2 e meio de um conjunto na East 68th St (número 18, se você estiver nas redondezas). A boutique, que Claire abriu com a ajuda do pai, Fred, dispõe de uma seleção meticulosamente curada e inesperada de roupas para homens e mulheres, acessórios, jóias, sapatos, seção de crianças e casa disposta no espaço desenhado por Ryan Korbon. Os pisos são de mármore preto e branco e as escadas são forradas com corrimãos de ferro forjado. Leia: essa loja é chic. Mas a localização e a decoração de luxo não necessariamente significam que o que está à venda têm preços proibitivos, ainda bem. Há coleções contemporâneas também, com preços entre US$ 200 e US$ 600.


Fashionista: Então como tudo isso surgiu? Por que você decidiu abrir a FiveStory?

Claire: Eu decidi fazer isso, principalmente por uma frustração pessoal por NY não ter mais uma experiência de varejo. Estava ficando muito estratégico, frio, onde você vê alguma coisa num blog, ou numa revista, aí você vai a algum lugar para comprar e vai embora. Não existia um meio-termo, e eu queria esse entusiasmo e esse esplendor que Nova York deveria nos dar. Isso foi o começo, e então eu me tornei um monstro, e ficava “ Se eu vou tomar a responsabilidade de preencher uma lacuna no varejo de Nova York, então eu vou ser grande ou vou para casa.” Agora eu tenho essa responsabilidade nas mãos de realmente fazer algo certo, e aqui estamos, quase prontos.

Fashionista: Como você encontrou o espaço e por que aqui?

Eu cresci no Upper East Side, há dez quadras daqui, e é engraçado, porque quando eu tomei essa decisão de abrir a loja, eu fechei meus olhos, e foi “Eu sei onde vai ser, eu sei que cara vai ter, eu sei o que vai ter dentro dela.” Eu acho que estava construindo a loja no meu subconsciente, porque foi assim “Oh” Eu vou ter um conjunto nesse raio de dez quarteirões.” E eu me lembro do meu corretor dizendo “Olhe, querida, você nunca vai encontrar isso.”



E então, como você achou?

Quer dizer, quando achei, não estava disponível. Estava à venda como um prédio residencial, e eu disse “Eu só preciso de dois andares,” e o dono disse “Não é isso o que estou oferecendo!” Então, basicamente, se você liga para uma pessoa o bastante e você é persistente o bastante, algumas pessoas vão ceder porque elas não querem mais ter que lidar com você. E nós fomos persistentes, e trabalhamos de verdade por esse espaço, e ele está definitivamente excedendo minhas expectativas.

E como você encontra o que gosta e armazena? É uma mistura eclética de designers – muitos dos quais eu não reconheço de cara.

Eu acho que tenho muita sorte porque eu olho alguma coisa e ou eu gusto ou eu não gosto – sou muito definitiva. Eu também tenho sempre um olho e um ouvido abertos. Apenas nesse coquetel, eu provavelmente anotei dezessete nomes, depois de as pessoas terem dito “Oh, você deveria ver isso.” Eu dedico horas e horas por semana de pesquisa mergulhada na internet ou simplesmente andando por aí vendo e falando. Eu acho que isso é o mais divertido... eu poderia fazer isso para sempre. Minha mãe sempre diz “Nunca há escassez de coisas legais no mundo,” e é verdade. Há tantos bons designers por aí que precisam de um espaço para vender.



Quem você se sente mais animada por estocar?

Vika Gazinskaya, obviamente, ela é incrível... Heimstone é uma marca francesa que eu adoro, tem outra designer, Roberta Furlanetto, que fez toda a alta-costura para Christian Lacroix, e ninguém sabe que ela é uma das vinte pessoas no mundo que consegue manipular tecidos de um jeito que ninguém mais consegue [Nota da editora, as peças da Furlanetto eram seriamente incríveis].

Você é jovem e isso é uma coisa tão grande para assumir. Você teve que encarar gente que duvidou de você por causa da idade?

Eu tenho trabalhado nisso por dois anos, e eu diria que em há ano ou um ano e meio, foi a época mais frustrante porque você tem uma visão e sabe que vai fazer isso, mas ninguém acredita. Porque você não tem nenhuma credibilidade, você é jovem e eles pensam “Ah, é uma história legal, mas não vai acontecer.” E até que você tenha alguma coisa substancial a mostrar, você só tem que lutar. Realmente mostra a que você veio e se você está realmente apaixonado pelo que está fazendo. Porque se você não tiver paixão por aquilo, você vai desmoronar em poucos meses. Mas você sabe, você continua e se você acreditar o suficiente, você pode fazer outras pessoas acreditarem. Tudo que você precisa é que um grande nome ou designer acredite nisso e então você vira ouro – todo o resto simplesmente vem.

Quem foi o grande nome ou designer que fez ‘tudo simplesmente vir’ para você?

Foi finalizando o espaço e desenhando-o com todos os detalhes. Os detalhes são insanos nesse espaço, e mostrá-los para alguém que não exatamente quão legítimo você é... mesmo que eles não quisessem nos vender, eles ficaram tão espantados com o queríamos fazer com o espaço. Então, acho que esse foi o momento. O momento foi deixar as pessoas boquiabertas com a nossa visão e dizendo “Ah, essa fantasia vai se tornar real. Você pode fazer parte disso ou não, mas só para que você saiba, vai ser fantástico.”


Fotos: BFA